1998: Casa Alfredo e Andrea

Local: São Sebastião das Águas Claras, Nova Lima, MG.
Projeto: 1998
Área terreno: 1.080,00m2
Área: 150,00m2

O terreno é localizado numa belíssima região, também conhecida como Macacos (nome da principal cachoeira do local), nas redondezas de Belo Horizonte e totalmente tomada por uma mata densa, de formação recente, com árvores de pequeno e médio porte distanciada entre si de 1,5 a 2 metros.

A locação da casa é consequência do “vazio” existente entre as principais árvores, de maior porte; por conta dessa lógica, toda a área externa e pavimentada como varandas e terraços contempla pequenos jardins de onde afloram todas as árvores possíveis.

Os clientes, dentro da minha trajetória, são atípicos. Ambos engenheiros, com experiência em construção e projetos complementares, ambicionavam uma casa que “não parecesse casa”, ou seja, que não apresentasse aquele pseudo bucolismo muito frequente em regiões com essas características: os famigerados chalés, casas amineiradas ou coloniosas, demolições e rodas de carro de boi como mesa da varanda. Essa postura estimula o arquiteto a propor formas de abordagem novas e criativas, além de contrapor o tipo de topografia e vegetação a uma construção semi-industrializada, transparente e, se possível, de rápida construção.

O programa é bastante simples, com os espaços se interligando em níveis na parte inferior, culminando com uma grande caixa de vidro, transparência que permite, como uma proa de um navio, adentrar pela mata numa troca exterior/interior muito rica. No pavimento superior, no início, apenas a suite do casal. Crescimento futuros são previstos, tanto na parte inferior quanto superior sem que com isto descaracterize a idéia inicial. Alguns caminhos externos também prevêem acréscimos: pequena oficina de marcenaria, quiosques, churrasqueiras e, provavelmente, um pequeno lago na parte inferior.
No decorrer da construção, amplia-se a despensa que foge da cozinha e passa a se localizar sob o segundo quarto superior, também novidade.

Uma sugestão dos proprietários que veio enriquecer o projeto foi prontamente acatada: que o terraço sobre a garagem, em madeira, se prolongasse por dentro do estar até a varanda oposta, como uma passarela que penetra pela casa e surge do outro lado. Também de comum acordo, optamos por abrir o quarto do casal para o vazio do estar com esquadrias em venezianas de madeira. Em todas as portas internas e algumas janelas foram utilizadas peças antigas, devidamente restauradas, fazendo um bom contraste com as esquadrias dominantes e em alumínio anodizado do resto da casa.

Telhas termoacústicas cobrem toda a construção em uma só água e sem calhas, prevendo a grande quantidade de folhas que provavelmente cairão constantemente sobre o telhado. A varanda do casal é construída em estrutura metálica tubular e plugada na alvenaria, não interrompendo a idéia de um grande plano contínuo que se interrompe para dar lugar à transparência que, levemente afastada deste plano, sugere estar vindo de dentro da casa como o bicho da seda saindo do seu casulo. Analogia muito mais explicativa do que filosófica.

Cores diversas interna e externamente dialogam com a vegetação do lugar.
Na primeira visita, onde fui devidamente cobrado sobre o presente de casamento grade da lareira tomamos um cerveja no ponto. Prova de que por ali acontecerão sempre boas vindas.

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