AP Cultural | 2008
Os trabalhos mais recentes somam-se à projetos inéditos, mais antigos, para compor o último livro do arquiteto Sylvio de Podestá, que através de desenhos, fotos, maquetes e textos retratam parte do seu trabalho nos últimos anos, executados ou em execução em várias cidades de Minas, Brasília, Goiás dentre outras. Os textos apresentados nesta edição são assinados pelo jornalista Carlos Alenquer, pelos arquitetos Cláudio Bahia e Carlos Antônio Leite Brandão e pelo designer Marcelo de Podestá que também é autor do projeto gráfico da edição.
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TRECHOS DOS TEXTOS
“Todo mundo deveria ter um arquiteto de estimação. Para entender os espaços vazios, os plenos, os que significam alguma coisa e, até, os desprovidos de qualquer significado./ E é disso que este livro trata: este livro trata da criação de espaços que transformem as nossas cidades e suas casas em algo melhor do que este cinza repetitivo, imposto como paisagem pela falta de imaginação e a onipresença da insensibilidade. / Daí a importância e a necessidade de termos, democraticamente, cada um de nós, o seu arquiteto de estimação. Quando nada – e já seria tudo – para criar lugares que precisamos e precisaremos, sempre, como cidadãos universais das aldeias que habitamos.”
Carlos Alenquer
“Vendo e lendo neste livro: este texto, esta casa, este mercado, este teatro, este edifício, esta universidade, este comércio, estes powers lugares, este memorial, este bar; coisas destas pessoas e de outras – Luiz Carlos e Denise, Chico Xavier, Corpo, Londrina, Piau, Blumenau… não descrevo a arquitetura do Sylvio, entretanto aventuro-me no pretexto de sua ação arquitetônica e no texto do Cacá que, para além da profissão de arquitetos, me instigam vida e outras arquiteturas celebradas, inclusive rotineiramente no bar Via Cristina e no carnaval de Ouro Preto. Somos muitas mesas de bar e carnavais – estados de espírito possíveis em qualquer lugar, estabelecimento ou época do ano, por se tratar da tribuna do espírito livre pensar – essência dos arquitetos e dos amigos.”
Cláudio Listher Marques Bahia
“O que preside a maioria dos projetos que se seguem é a compreensão do lugar e a instauração de diálogos entre ele e o objeto arquitetônico. Entenda-se “lugar” não apenas como o sítio físico, mas também como o contexto espacial, histórico e cultural que o envolve ou que por ele é sugerido. / Há vários modos de constituir-se esse diálogo. Um é contrapor-se ao existente e inaugurar o debate e a assimetria até alcançarmos um acordo de ordem mais elevada e complexa, como os que eu e meu amigo Sylvio almejamos ao redor da mesa de um bar, ao cair da tarde, seja para escapar da banalidade dominante, seja para submeter à prova as antigas certezas nossas e de nossos interlocutores e ver até que pontos elas resistem.”
Carlos Antônio Leite Brandão
“Particularmente, devo confessar, comecei pelos croquis (tão abundantes nesse livro), com o esforço de não transformá-los em texturas, ampliando-os até explodirem na folha, ou cortá-los e sobrepô-los, até me acostumar com os projetos e decifrar melhor a seqüência das plantas, as fotos (nem sempre as melhores) mais significativas. / Operei sem censuras, mas também não completamente ingênuo. Alguns projetos conheço pessoalmente, ou os vejo por aqui em maquetes e plantas; de outros acompanhei alguns processos e os resultados que provocaram nos ânimos (telefonemas, viagens, serões noturnos). E, como não, alguns desenhos e conversas de bar, inclusas as outras presenças deste livro. / O resultado não é uma forma de ver a arquitetura, mas pretende contribuir para transmitir uma, aquela dos riscos e rabiscos que, se por acaso expandi demais e quase os transformei em textura, certamente falam por si só. Boa arquitetura.”
Marcelo Aragão de Podestá