Por alguns já é sabido que fiz engenharia por alguns anos. Por um lado me envolvi com esporte e livros outros, por outro lado me enfarei. Mudei para arquitetura por um mecanismo existente na época chamado reopção (nada mais óbvio), uma troca entre um outro que queria meu lugar e eu o dele. Simples assim. Menos simples foi o acerto das matérias que tinham alguns itens diferenciados e como faziam parte de um contexto pedagógico tive que refazer algumas delas e portanto tempo livre, muito tempo livre. Nestes tempos livres vi a possibilidade de visitas interdisciplinares, falando como gente, de conhecer outros cantos deste universo universitário (pleonasmo sutil mas que não é exatamente o que este universo deveria ser). Para ser brando pensava eu, vamos aos artistas e fui parar na escola de Belas Artes quando ainda tinha um pátio interno descoberto, chovia lá, e era mais de todo mundo, permeável e sem os atuais puxados. Ali conheci artistas que ficaram meus amigos, outros só observei e destas observações cheguei a cerâmica que para mim era coisa de potes e moldes para estátuas. Quebrei a cara e vi coisas incríveis, abstratas, ameboides, arquitetônicas e neste observar me diziam existir, por exemplo, a técnica da retirada, você arruma um bloco de barro e vai retirando até chegar no que procura, aquela coisa do Davi peladão, só que lá em mármore e o cara dizia que ali dentro estava o Davi bastava tirar os excessos (bom!). Outros pegavam um tanto de barro e iam acrescentando, plugando partes até também chegar o resultado e como toda arte a censura não existe, alguns retiram, plugavam, esticavam e etc.
Me aventurei mais a frente e fiz algumas maquetes de barro onde poderia esculpir volumes mais complicados como cascas e retorcidos. Algum tempo depois descobrir que a mesma estratégia poderia ser usada em alguns tipos de abordagens arquitetônicas e com bons resultados. Projetei primeiro a casa Gaby I, depois a da Rosinha (https://www.podesta.arq.br/…/137-projeto-casa-rosinha), fiz um predinho para o terreno da casa da Ninya onde mostrava em isométricas o processo de retirar e plugar, casa do Alenquer e Astréia (https://www.podesta.arq.br/index…/residenciais/113-alenquer) e mais a frente o atelier do Paulo Laborne (https://www.podesta.arq.br/…/129-projeto-atelier-paulo…).
Dei a este procedimento o nome de “projetos goiabas” onde o plugado ou o retirado é fortalecido pela mudança de cor, como ao partir uma goiaba vermelha.
De uns tempos para cá ando vendo uns projetos goiabinhas onde se colore o marco das aberturas ou mesmos as paredes de outra cor, sugerindo ou reforçando escavações e/ou plugs. São bonitinhos mas não novidades, qualquer fazedor de goiabada, seja ela cascão ou não, conhece este pictórico só que com aroma.
Claro que a goiaba não é a unica que pode sugerir arquiteturas, podemos ter arquitetura mamão, abacate e quantas quiserem algumas até meio Backminster Fuller como a ata e o araticum.