1981: Grupo Escolar Rural

Arquitetos: Sylvio E. de Podestá, Éolo Maia e Jô Vasconcellos
Projeto: 1981
Área: 384,00 m2

* 1º Prêmio em concurso promovido pelo IAB/MG-CARPE para edifícios escolares para o meio rural.

Este método construtivo utilizando o tijolo em sua plenitude, em todos elementos, inclusive fundação, precede de uma teoria e devemos muito ao arquiteto Hassan Fathy com suas experiências arquitetônicas e sociais no Egito. Por esta época também (1982), uma grande exposição sobre Arquitetura de Terra se realiza no Centro Georges Pompidou, em Paris, reforçando a idéia de que se pode fazer arquitetura com os elementos primeiros industrialmente dominados pelo homem: adobe, tijolos, taipas e taipas de pilão, etc.

Sabia não ser um tipo de construção que se repetiria em grande escala ou que serviria para várias regiões, mas era uma saudável tentativa de devolver aos construtores de fornos para queima de cerâmicas ou (mesmo para a feitura do carvão vegetal) sua utilização inclusive em moradias, partindo do pressuposto que se a escola utiliza esta técnica, sua casa é consequência natural para sua apropriação. Esta é a idéia inversa de quando os projetos oficiais esqueceram a telha de barro e partiram para a má utilização de telhas de amianto: seguindo o exemplo oficial, as casas da comunidade passam a se “modernizar” substituindo, com o aval oficial, suas térmicas coberturas de piaçava, sapé ou barro pelo quente amianto. Seria então a escola agente indutor para qualificar melhor sua moradia, sem o medo do deboche para o aspecto final que “foge da linguagem da arquitetura ocidental” como ressaltou o júri. Cumpre à escola o papel de divulgar este método através do seu próprio prédio, mostrando a firmeza da construção, a possibilidade da autoconstrução e a disseminação deste aprendizado.

Ativaria esta mão de obra existente e em vias de extinção, ampliaria as fábricas e fabriquetas de tijolo, eliminaria a dependência dos usuários a certos tipos de produtos onerosos e ineficientes para seu clima e cultura, É necessário também ressaltar o barateamento sensível das construções, maior durabilidade e fácil ou quase nenhuma manutenção. O ferro e o cimento também não têm lugar no método construtivo que trabalha apenas sob compressão suportada pelas paredes de tijolos, normalmente duplas e contraventadas.

Alguns dados técnicos: 636 tijolos/m2; assentamento dos tijolos feito com massa de barro, eliminando o cimento; o cimento é usado apenas no piso e na cobertura, natado, colorido com pó xadrez ou outro pigmento; as iluminações artificiais e naturais ampliam sua eficiência por utilizarem a cúpula da cobertura, caiada de branco, como refletor; o uso de caixilhos metálico ou de madeira se restringe às salas de aula, sendo as demais aberturas e ventilações feitas através de combogós feitos com os próprios tijolos e com desenhos variados; as temperaturas internas são extremamente agradáveis e permanecem constantes durante todo o ano pela baixa capacidade de condução de calor dos tijolos; o tempo gasto para um pedreiro e três serventes fecharem uma cúpula com 6m de diâmetro é de quatro dias; ao término da alvenaria a obra está praticamente pronta e com utilização de uma só mão de obra; os espaços internos são ricos e didáticos e, na divagação sonhadora quando de uma aula chata, aprendesse de arquitetura e como construí-la.

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