Local: Jardins de Petrópolis, Nova Lima, MG.
Projeto: 1997
Construção: 1998/2000
Área terreno: 7.300,00m2
Área: 170,00m2
Pequena residência e um imenso terreno: normalmente esse tipo de projeto requer uma visita diferente das visitas a terrenos convencionais ou urbanos, com leis e afastamentos praticamente definindo a possível volumetria final. Aqui, no vasto campo, devemos observar e sentir com mais força o sol, os ventos, o caminho das águas de chuva, a vista, a vegetação existente, o acesso, os locais da cisterna, da caixa d’água, da fossa, dos futuros anexos e, principalmente, da casa.
Em princípio, são considerações semelhantes às que se fazem em relação a qualquer tipo de terreno. A diferença é que, no campo, as opções são imensas e por isso é importante caminhar por ali, sentir a terra, as pequenas e grandes árvores, o lugar a ser construído; como contemplar, dormir, festejar. Arquitetos deveriam ter uma forquilha semelhante àquelas para encontrar água: seria uma forma de oficializar a escolha.
Com todos estes cuidados, não foi necessário fazer nada disso: o lugar já existia. Ele é fruto da sensibilidade do arquiteto, artista plástico e amigo Roberto Vieira, que iniciou os estudos para o projeto dessa residência, definindo seu melhor acesso e sua melhor implantação, consagrando o lugar. Algo meio místico, mas que realmente vibra, atrai e oficializa o “vai ser aqui”.
E o “aqui” estava exatamente onde existia a melhor vista: longe da via principal, com facilidade para acesso de veículos, entre a luz elétrica que vinha do poste da rua e a água aflorando, logo abaixo, a seis metros de profundidade.
Aqui também se recebia, de frente, o bom sol e os ventos; se avistava a chuva chegar; e é daqui que se vai controlar e admirar as novas árvores que irão nascer, completando a vegetação existente.
A casa é um longo pavilhão com 28 metros de comprimento por 4,8 metros de largura, de onde surgem pérgolas cobertas ou não que protegerão os carros, marcarão a entrada, servirão de varanda para o estar e sombra para a piscina e churrasqueira localizadas no deck fronteiriço a esta área de estar. Serviço de um lado, aberto e com uma longa mesa que também servirá ao trabalho e, do outro, quartos com estar íntimo/estudo em dois níveis.
Uma cobertura metálica levemente curva vai se ajustando aos níveis e criando diferentes pés-direitos. É esse grande espaço o coração da casa: o fogo da lareira no frio; as portas abertas e o vento cruzado no calor; a lua e o sol, por algum momento, participando desse interior. A vista é eternizada pela transparência.
O deck da piscina, propositadamente acima do terreno natural, intimiza seu uso e evita competir com a grande área remanescente. A partir dele, como uma extensão da pérgola lateral, uma longa fileira de ipês amarelos, racionalmente plantados, sugere a ocupação total do terreno. Para ser visto do satélite, como uma marca.
Futuramente, outras construções serão implantadas (serviços gerais e estúdio fotográfico) em áreas pré-determinadas, sem interferir nas conquistas iniciais.