UNISINOS Complexo de Desporte e Lazer

ARQUITETO SYLVIO EMRICH DE PODESTÁ

COLABORAÇÃO DANIEL RIBEIRO CORRÊA; FRANCISCO ALBANO ANDRADE; GIAN PAOLO LORENZETTI; PEDRO ARAGÃO DE PODESTÁ (ARQUITETOS); RODRIGO ANDRADE (ENGENHEIRO ARQUITETO)

LOCALIZAÇÃO UNIVERSIDADE DO VALE DOS SINOS, SÃO LEOPOLDO, RS

CONCURSO NACIONAL DE PROJETOS

Constituir, com as edificações isoladas e de caráter arquitetônico distinto, um conjunto funcionalmente articulado e reconhecido pela unidade formal.
Dotar este conjunto de uma identidade expressiva, manifestando, no entanto, sua pertinência ao conjunto maior do Campus.
Integrar física e simbolicamente os dois conjuntos, superando a descontinuidade espacial existente entre eles.

O ESPÍRITO DA COISA E AS COISAS DO NOSSO ESPÍRITO

O partido se estrutura sobre duas idéias-força. Uma é a criação de uma grelha de função logística, que permita a fácil circulação de pessoas, dados, mensagens, energias e fluidos entre as partes formadoras do todo mas que seja, também, significante da pertinência do Complexo Campus e do desejo de aumentar a permeabilidade e transparência desse Campus para a comunidade regional, em suma, de um convite para a integração. A outra é a implantação de uma grande praça central no Complexo de Desporto e Lazer, que articule suas partes e seja o grande espaço do encontro e da festa.

MALHA DE PASSARELAS

Um reticulado de passarelas metálicas, suspensão do chão na modulação sugerida pelo traçado do Campus, como sendo sua atualização tecnológica, forma uma grelha horizontal da qual se destacam as edificações com suas arquiteturas individualizadas e por meio da qual estas edificações diversas se integram à unidade do conjunto.
Essa grelha se organiza a partir de dois eixos principais, um sinal da cruz no fulcro do sistema, “ … como quem assinala um lugar ou dele toma posse…” parafraseando Lúcio Costa.
O Cardo, partindo da Grande Praça, penetra no Campus, transpondo pelo alto a rodovia, sinalizando claramente, para os públicos interno e externo, a ligação entre ele e o Complexo de Desporto.

O Decumanus, ligando todos os estacionamentos, passa sobre o lago e a mata, sendo o principal modo de acesso ao conjunto.
As passarelas poderão ser implantadas gradualmente à medida das necessidades e conveniências.
Assim, ampliam-se as áreas de circulação e potencializa-se os espaços de convivência nos encontros das rampas ou escadas de acesso, onde se poderá instalar bancos e toda sorte de conveniências, como bancas de livros, de refrigerantes, painéis de informações, etc. A passarela permitirá os principais percursos protegidos dos rigores do clima, mas será aberta nos trechos em que convier possibilitar o contato maior com a natureza ou visões panorâmicas.
Conectando vários pontos do Campus com o Complexo Esportivo, permitirá que durante os percursos sejam observadas as atividades que acontecem embaixo, promovendo maior visibilidade da Universidade para os visitantes e maior percepção do conjunto para os acadêmicos. Nas estruturas da grelha serão instalados todos os dutos necessários (elétricos, hidráulicos, de comunicação, etc.) constituindo-a, com sua implantação progressiva, em alternativa de ampliação de redes e sistemas sem necessidades de escavações. O controle dos acessos e percursos nas passarelas, como num metrô, permitirá as mais variadas alternativas de chegada e saída de público aos diversos setores do Complexo, sem acesso ao Campus quando este não for desejado.

A Praça ocupa posição central no Complexo de Desporto e Lazer. Foi pensada como o grande espaço de recepção do conjunto aberto para a principal via de acesso e de grande visibilidade. É elo de ligação entre o novo ginásio poliesportivo, a administração, as arquibancadas e a Arena Multiuso que se dispõem em anfiteatro em torno dela.
Trata-se de uma grande plataforma vazada, ao nível da cobertura das áreas da administração e das passarelas, pelas quais se conecta também com o conjunto aquático e com todos os acessos, sendo o principal ponto de convergência e distribuição dos fluxos de pedestres.

CENTRO AQUÁTICO

Dando continuidade ao bloco de piscinas térmicas, através de uma passarela, o clube se projeta sobre o talude existente formando platôs de permanência, com pequenas piscinas interligadas através de um “ córrego” em forma de corredeira que por fim se conecta ao rio lento localizado na área de topografia menos acidentada, rodeando piscinas e lagos diferenciados através de suas profundidades. O novo espaço destinado às atividade poliesportivas se encontra sob o novo campo de futebol, suspenso a dez metros do nível da rua. Possui em seu interior três quadras poliesportivas e um espaço destinado aos esportes alternativos, pistas de skate, muro de escalada e bocha.

ARENA

Toda interferência em estruturas existentes são quase sempre traumáticas. A forma de aliviar este tratamento patológico, caso da Unisinos, foi evitar ao máximo modificar a estrutura macro existente (arquibancadas e níveis concretados e consagrados).
Mesmo assim nossa proposta sugere a demolição de pilares e lajes frontais e posteriores criando espaços livres (verticais e horizontais) próprios a um grande foyer e um palco generoso capaz de permitir sua visão ampla e suas diversas formas de uso. Essa eliminação de pilares e lajes com modulações que limitavam a visão do grande espaço do espetáculo, da possibilidade de um palco livre com pano de fundo transparente, é definitivamente necessária a nova ideia que se pretende deste lugar.
Em torno da estrutura existente lançamos uma nova e independente (metálica), circular, como um anel, com dois grandes eixos radiais e estruturais, geradoras de uma “casca” também metálica, excêntrica, com vigas treliçadas e arqueadas formando uma grande malha espacial com módulos quadrados reduzido em suas dimensões por estruturas secundárias também em treliça.

Esta abordagem estrutural, independentemente da existente, tem postura corretiva, cria novos espaços horizontais e verticais mais generosos e mais compatíveis com as atividades pretendidas e com a mínima interferência na estrutura existente que achamos possível permanecer.
Lateralmente onde se localizam as piscinas, artes marciais, jogos e outras atividades complementares, eliminamos o excesso de pilares e os substituímos por uma estrutura também metálica, mais coerente com os espaços necessários.
Este anexo, mais singelo que a arena, permite que ela figure como objeto emblemático, junto aos projetos da Praça de Esportes da nova área esportiva e também do Centro Poliesportivo.
Sem necessidade de grandes performances estruturais e de temporalidade duvidosa, criamos uma solução técnica/arquitetônica que podem vir a ilustrar o que de alguma forma toda instituição procura registrar: solidez, contemporaneidade e permanência.

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