Local; Bairro Santa Lúcia, Belo Horizonte, MG.
Projeto: 1990
Construção: 1991
Área terreno: 360,00m2
Área: 240,00m2
*Menção Especial na Premiação Anual do IAB Nacional, “Espaço do Trabalho”.
Quando se fala em construir um atelier para trabalhos fotográficos e de cinema, logo vem aquela imagem de um grande galpão de duas águas, metálico, e com um mezanino interno fazendo as vezes de escritório. A “factory”, o “loft”, são maneiras incríveis de trabalhar e viver mas esses edifícios têm que estar no seu “habitat” de origem, contextualizados.
O terreno, aqui, é convencionalmente urbano e em área residencial unifamiliar. Além do mais, precisávamos de uma imagem do trabalhar/morar que se inserisse e se destacasse.
Era inevitável o grande volume do estúdio com seus planos infinitos e equipamentos de porte, como eram inevitáveis os pequenos espaços complementares de serviços.
Fizemos o grande volume branco, do estúdio, e plugamos os demais espaços na sequência programática, contidos nas suas diferenças por uma grande curva, azul, que parte de um plano diagonal, amarelo, e termina intimizando a entrada do escritório.
Apoiado sobre essa curva, o volume superior, ocre, do quarto/camarim com pequenas aberturas para a rua, desordena a ordem cubo curva.
Acima, um mirante.
Texturas e cores esquentam as formas e destacam o conjunto.
Internamente, grande quantidade de obras de arte e uma decoração personalística categorizam a maneira de trabalhar de Paulo Laborne. (Memorial descritivo para a premiação do IAB/RJ.)
O atelier Paulo Laborne traz algo de pessoal e intransferível. A começar pela rua em que se localiza (de nome poético, rua Lua), até a união indissolúvel entre viver e trabalhar.
Num terreno convencionalmente urbano e residencial, a casa/atelier cumpre as duas funções; tanto que recepção e escritório são, ao mesmo tempo, sala de estar; o quarto é também um camarim; e em todos os ambientes, móveis apropriados para cada uso convivem harmoniosamente. Mas não foi somente esse o desafio de integração do projeto: sua própria imagem deveria unir o trabalho e o morar de forma que a construção se inserisse no contexto do bairro, mas também nele se destacasse.
Acomodar fundos infinitos e equipamentos de porte, usados para as fotos publicitárias e artísticas, exigia uma grande área.
A moradia e a parte administrativa pediam pequenas subdivisões; essas diferentes necessidades foram traduzidas na composição dos volumes. Assim, ao grande bloco branco do estúdio foram agrupados os demais, em sequência programática, contidos por uma grande curva azul que parte de um plano diagonal amarelo, tornando íntima a entrada do escritório.
Apoiado sobre essa curva, o bloco superior ocre do quarto/camarim, com suas pequenas aberturas para a rua, quebra a ordem cubo/curva.
Uma escada leva a um mirante, que aproveita os desníveis da região para oferecer uma ampla perspectiva. O tratamento externo de cores e texturas segue a mesma lógica da composição, reforçando a idéia de volumes satélites agregados à unidade central.
Internamente, os espaços são limpos, preenchidos apenas pelos móveis necessários a cada atividade conjugada. Dessa forma, inúmeras obras de arte ganham destaque e a casa/atelier transforma-se também em galeria, reunindo trabalhos de Fernando Luchesi, Tomie Othake, Siron Franco, Patrícia Leite, Mônica Sartori, Lorenzato, Rubens Gershmann, Richard Avedon, Ansel Adams, dentre outros.