Local: Bairro Campestre, Rio Verde, GO.
Área terreno: 1003,50m2
Área: 650,00m2
Projeto: 1985
Construção: 1985/1990
As mesmas tradições sobre as quais fiz referência na residência Paulo/Elba, relativas ao lazer comum, foram aqui consideradas.
Modificou-se a relação da casa com a rua: aqui ela se permite, enfim, apresentar-se toda radiante para o público, enquanto íntima para seus habitantes.
Duas alas laterais com volumetria simples são interligadas por uma retícula tridimensional de estrutura de concreto, onde se localizam estar e, na parte superior, estar íntimo.
Protegida para o poente e despojada para o nascente, essa inusitada malha com cores fortes separa os dois estágios. Uma esfera prateada se transforma em casa de boneca para a geração vídeo.
As empenas laterais compõem um quadro concretista. Assentada no plano da topografia local, assume caracter futurista, como uma nave.
A sinuosa laje que protege a entrada de pedestres é nossa homenagem à Casa do Baile, um caminho modernista que leva a um espaço pós-modernista. (“3 Arquitetos”, volume II.)
É importante observar que a casa, embora com um programa muito simples, apresenta características bastante diferentes de todas as outros projetos apresentados até aqui: duas alas laterais se prolongam até o alinhamento; contendo acessos secundários, fazem moldura para o grande jardim fronteiriço, plano e monótono, para que possa receber a esfera prateada a passarela sinuosa com seu piso multicor, como na residência Sydney/Karla; como pano de fundo, o cubo em grelha com a pirâmide/cobertura do estar íntimo, surgindo no seu último módulo transparente.
É puro cenário. Intencional, dramatiza o caminho, penetra na grande malha e ressurge no jardim/deck da piscina.
A piscina em formato amebóide se estende da área da churrasqueira coberta e aberta até o pergolado do jardim lateral, continuação desmaterializada do volume da ala direita. O deck reproduz bidimensionalmente no seu desenho de piso o grelha/malha do volume central. Parte dessa malha penetra nos espaços interiores, fazendo uma ligação interior/exterior, ou seja: percebe-se fragmentos da estrutura externa em pontos do estar e, principalmente, escada principal.
Como tem uma boa metragem para a simplicidade do programa foi possível, na arquitetura e na decoração, manter grandes espaços livres ou com pequenos objetos, algo um pouco “minimalista” em um universo carregado de informações.
Duas primeiras intenções, ainda em termos de projeto, foram conquistadas: a posição dos quartos dos filhos Lauro e Bárbara, que permitia o cumprimento de funções secundárias. No dele, a possibilidade de ser acessado furtivamente sem que o resto da casa tomasse conhecimento pela garagem e escada principal; e no dela, a possibilidade de ouvir serenatas, ali da calçada. (E é dessa forma que acontece, mesmo sendo hoje o violão um toca-cd.).
O tempo gasto na construção, por motivos outros, extrapolou o normalmente gasto com obra semelhante e, por absoluta necessidade as crianças cresceram a casa de boneca não foi construída. No entanto, por necessidade formal, o proprietário está disposto a executar a esfera prateada, algo como uma comemoração à casa e às coisas que ela nos trouxe.