ARQUITETO SYLVIO EMRICH DE PODESTÁ
COLABORAÇÃO PEDRO ARAGÃO DE PODESTÁ ; PAULO ORLANDO GRECO
LOCALIZAÇÃO NOVALIMA, MG
ÁREA TERRENO 720,00M2
ÁREA 447,00M2
Casas brancas e vidros verdes.
O que levou pessoas a terem casas com tipologia tão semelhante a alguns exemplares da arquitetura modernistas de décadas atrás, com composições abstratas, planos sucessivos, cheios e vazios, transparências, retículas e eventualmente a madeira envelhecida num claro contraste com a tecnologia do vidro e a lisura da alvenaria?
O que trouxe esta tipologia à tona após a clara aversão em tempos próximos aos seus projetos e sua radical substituição por estilos neocoloniais, mediterrâneos, chalés afrancesados e enxamels alemães numa espécie de confronto leigo a tirania da arquitetura dogmática vigente?
O que faz deste retorno, agora de caráter eminentemente estético, longe da tentativa ideológica do passado recente e da procura de uma arquitetura universal, algo com características tão maciçamente aceitas, vistas e revistas em publicações locais e de toda a parte do mundo?
Penso que este conjunto imenso de projetos brancos permitem alguns momentos de sofisticação estética de imensa erudição, estruturalmente corajosas, reducionistas no uso de materiais e implantações topográficas de raras especificidades. Outros apenas copiam, vão atrás de um aparente modismo e como em qualquer época, acabam por banalizar um momento da arquitetura, principalmente residencial, e compor a parte desafinada desta teórica orquestra.
O que posso observar ou visualizar é a imensa quantidade de exemplares implantados por todas as cidades, sejam em praias, matas ou montanhas, brancas e virgens como Mikonos vista ao longe ou mesmo uma Ville Savoy, solta em sua plenitude discursiva.
Este tipo de casa é um desafio para um arquiteto que trouxe do modernismo ensinamentos outros além do formal e a ele juntou discursos contextualistas, culturas localizadas e uma longa e permitida conversa face a face com os clientes, numa procura algo psicológica da compreensão de seus valores e querências.
O terreno tem dimensões urbanas e a casa está firmemente plantada na sua planura. Divide-se em duas alas na parte inferior com o lazer aos fundos. Acima, muitos quartos e uma grande área para o casal que sugeriu um terraço para que dali se avistasse a lagoa próxima. Pórticos, como pede esta linguagem, organizam a volumetria final. Grandes aberturas envidraçadas e brises recompõem a composição na área de serviços.
Tento fazê-la cinza. Sua alvura terá vida curta em terra de minério.