Mercado de Blumenau

ARQUITETO SYLVIO EMRICH DE PODESTÁ

COLABORAÇÃO PAULO ORLANDO GRECO; MARCOS MASCARENHAS FRANCHINI (ESTAGIÁRIO)

LOCALIZAÇÃO BLUMEAU, SC

ÁREA DO TERRENO 4001,74 M2

ÁREA 7.283,00 M2

CONCURSO PÚBLICO NACIONAL DE PROJETO

A construção do novo Mercado de Blumenau vem complementar o conjunto formado pelo Galegão e pela Vila Germânica e, um pouco mais afastado, pelo Fórum, Parque Ramiro Ruediger e Terminal Proeb.
Complementar significa entender a sua importância no conjunto que ora se forma, evitando ser o principal protagonista e mais ainda, procurando não competir com os elementos alegóricos da Vila Germânica, necessários como cenário para a grande festa da cidade, a Octoberfest. Também não disputa com o grande porte do Galegão. Estabelece para si porte compatível com sua função coadjuvante, mas sem perder sua qualidade técnica e arquitetônica onde, elementos da compreensão regional como o uso da madeira e das energias alternativas e padrões internacionais de sustentabilidade, se mesclam na procura final de qualidade da arquitetura enquanto inserção urbana, objeto construído e aplicabilidade de soluções diversas, extrapolando estas preocupações e sugerindo antecipações de soluções que serão inevitáveis em um futuro bem próximo.

O projeto nasceu do desenho programático e estrutural, de fácil absorção, com uma lógica funcional onde circulações e praças (superior como saguão e inferior como extensão de ambientes de lazer e passível de atividades diversas) funcionam como distribuidoras de fluxos e local de permanência enquanto se elabora atividades afins e contemplativas.
A variação de temperatura anual tem no inverno faixas abaixo do conforto térmico, sendo necessário o controle entre ambientes internos e o externo. Em outras épocas, propicia a integração dos ambientes e tem ainda umidade relativa moderada e a ventilação ideal para o resfriamento, podendo ser utilizada controlada no interior e induzida na estrutura do(s) prédio(s), cruzando ou interrompendo fluxos.

O sol, principal elemento a ser regulado, sugere uma preocupação extra com a cobertura. Os ambientes internos devem estar protegidos do sol, além de possibilitar a insolação para aquecer no inverno sem os ventos frios que causam o desconforto térmico. Portanto, a cobertura recebeu cuidado especial com dupla proteção feita pelas telhas metálicas termoacústicas tipo sanduíche, seguida de um colchão de ar e forro de madeira, formando uma casca protetora que se completa externamente nas empenas laterais (brises termoacústicos).

A Rua interna lateral promove os fluxos de carga. A iluminação artificial é praticamente desnecessária durante o dia, devido à contribuição da iluminação natural, com o máximo possível de espaços iluminados sem aumento da carga de calor. Sistemas de controle reguladores de águas pluviais e/ou seu aproveitamento para situações possíveis são monitorados por caixas d´águas, bombas e filtros situados no subsolo e encaminhadas à caixas superiores para serem distribuídos.
O monitoramento do lixo reciclável e do lixo orgânico em câmaras de compostagem também são componentes formadores do processo geral. O sistema de energia solar utilizado é modular, adaptável ao consumo.

“Nas últimas décadas a arquitetura tem se apresentado em grande parte, em pretexto para demonstração de destreza projetual, obssessivas e fantasiosas, espetaculosas…”
Na década de 70, a Prefeitura de Blumenau instituiu leis de incentivos. Uma delas isenta o IPTU para conservação de imóvel antigo, outra, beneficia as construções recentes em estilo enxaimel que chamo jocosamente de vexamel.
Esta última deu origem a desastrosas construções de apelação inteiramente fachadista sem nenhum mérito arquitetônico que embora sirva de cenário para fotos turísticas, inibe possíveis releituras ou talvez uma interpretação contemporânea do enxaimel.


Pensamos diferente.
A arquitetura aqui deve ser contextual, de acordo com o seu ambiente, sem ser performática, sem se caracterizar como um novo international style e pertinente ao meio que está inserida. Que se destaque pela sua contemporaneidade pela correção em relação a cultura física e intelectual do lugar, referenciado e criando referências, onde o espetáculo formal é resultado de todo um conjunto de fatores técnicos e artísticos, investigativa.
Deve ser um ato, um ato arquitetônico que é autônomo mas se enriquece quando da proximidade com outras expressões, num saudável diálogo, no saudável relacionamento com o urbano que agora participa.

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