Foram dois os principais parâmetros que definiram este projeto: estabelecer uma relação de continuidade e fluidez funcional, científica e formal com o entorno urbano (tensionado entre a densidade construtiva ao norte e a área de proteção ambiental ao sul) e conferir ao conjunto e às suas partes e setores acadêmicos, administrativos e de apoio, personalidade, caráter, legibilidade, flexibilidade e dinâmicas próprias à universidade do século XXI.
O primeiro parâmetro realiza-se arquitetônica e urbanisticamente através do grande pórtico que se abre longitudinalmente acompanhando o Rio Tamanduateí e define os espaços administrativos a oeste, de professores ao centro e de apoio a leste. Através dele, a universidade se faz permeável, acessível e transparente diante do contexto urbano e cívico no qual se insere. A UFABC, uma das primeiras universidades brasileiras deste novo século, não se concebe como um espaço isolado e fechado em relação à cidade, mas interage com ela, projeta-se nela e prolonga-a dentro de si. Assim concebido, seu campus desenvolve o saber universitário próprio ao nosso contexto: cumpre à universidade atual reconhecer não mais ser ela a única fonte de produção de conhecimentos e competência profissional, científica e tecnológica, devendo, assim, interagir com setores da sociedade e da cidade de modo a deixar-se contaminar pelo saber produzido fora dela, misturá-lo com o que engendra dentro de si e estender esse produto, novamente, para a cidade e o país que a abriga.
Nada mais importante na arquitetura, entendida como inserção urbana, do que a relação entre o caminho e a praça, itinerância e radiância, horizontal e vertical, terra e céu, animadores da nossa capacidade de transcender o plano moral e pragmático.
Nas grandes densidades urbanas perdeu-se a transcendência –e com ela, o vazio.
Exemplo melhor dessa capacidade de relacionar itinerância e radiância –ou sua perda– é o conjunto Sulacap/Sudameris, em Belo Horizonte (Roberto Campello, 1941) que, com suas torres, conformava a antiga praça dos Correios, compunha um pórtico simétrico que enquadrava o viaduto Santa Tereza e, mais ainda, integrava visualmente o bairro da Floresta ao Centro, num diálogo sedutor entre o centro projetado e o novo bairro que se consolidava.
O Lago de Furnas, também chamado de o “Mar de Minas”, abrange 34 municípios mineiros. Seu volume de água é sete vezes maior que o da Baía da Guanabara resultado do represamento das águas dos rios Grande e Sapucaí. Surge daí uma nova paisagem no sul de Minas com cânions, lagos, cachoeiras e praias artificiais. Diversos balneários se espalham por suas margens, a vizinha cidade de Campo Belo aproveita da proximidade de Cana Verde e faz dali seu lazer aquático, com sítios, clubes e pousadas.
Este terreno foi durante muito tempo parte do imaginário imobiliário da cidade. Vários arquitetos fizeram ali propostas nas quias uma grande área era reservada a lojas, meio shopping center meio galeria como as antigas existentes no centro da cidade.
Estacionamentos, muitos e apartamentos também muitos. O local é uma espécie de transição entre uma conturbada avenida sanitária e novos bairros classe média alta que começavam a ser ocupados.
Tempos depois um restaurante de hamburguês ocupou a esquina e as torres residenciais lhe fazem moldura. O mercado desviou seu olhar para outras plagas e do imaginário restaram apenas estes desenhos, quando também fomos chamados para ali intervir.
Pobre destas cidades que passam tão rápidas. Passo.
Belo Horizonte tem na sua legislação uma anomalia: garagens acima das lojas e sobrelojas, avançando até o alinhamento e divisas, nominadas 2º. Pavimento 1, 2º. pavimento 2 e assim sucessivamente até 10,80m e ali o Pilotis, lá no alto. Role no túmulo Corbusier.
Este projeto procura resolver esta questão incorporando estes pisos de garagens ao corpo do prédio, desenha uma torre com base, fuste e cobertura/capitel a partir do velho e conhecido partido em “H”, com quatro pequenos apartamentos por andar, programa exatamente igual ao edifício vizinho que se vê na maquete. Também marca a esquina com um forte desenho como devem estas visadas em tensão.
Lagoa Santa foi nas décadas de 60 e 70 o ponto de encontro da juventude motorizada de Belo Horizonte. Ali se esquiava, nadava, navegava, namorava até a manhã de segunda quando se retornava a BH. A decadência das décadas seguintes foi interrompida por uma nova corrida imobiliária com lançamentos de lotes e chácaras nas redondezas da cidade e o saneamento da orla com a criação de rede de esgoto, recuperação da vegetação, retorno de alguns bares e restaurantes com ofertas diferenciadas dos antigos barzinhos, atraindo público diverso.
arquitetura é coisa para ser exposta à intempérie e a um determinado ambiente;
arquitetura é coisa para ser encarada na medida das idéias e do corpo do homem;
arquitetura é coisa para ser concebida como um todo orgânico e funcional;
arquitetura é coisa para ser pensada estruturalmente;
arquitetura é coisa para ser sentida em termos de espaço e volume;
arquitetura é coisa para ser vivida.
Este tipo de projeto, mais do que outro, deve deixar explicitada sua relação com a cidade, sua melhor forma de inserção, onde a existência da arquitetura deve provocar o pensar, o discutir, representar sua época, sua história, fabricar seu patrimônio histórico, ser exemplo iconográfico. Deve carregar velhas e novas informações sugestionando as inserções vizinhas e mais, sugestionar a qualificação da sua própria atividade final.
Projeto modular para concurso Arquitetura em Aço ara habitações familiares de baixo custo.
Para um novo prédio no terreno entre o CONFEA e o BRB, com caráter exclusivamente comercial, adotamos uma tipologia que o destacasse no contexto dos edifícios existentes na W-3 Norte, que tem volumetrias semelhantes em todo seu percurso, ou seja, caixas paralelepípedas com uma imaginosa procura por brises diferenciados, numa frustrada tentativa de se destacar nesta paisagem monótona.
Trata-se de terreno com conhecido potencial comercial, localizado em região de alto poder aquisitivo, com vias de circulação regional de grande porte e anel secundário em fase de implantação.
Sua proximidade com o BH Shopping, ao mesmo tempo em que o potencializava como empreendimento comercial, também requereu a elaboração de um mix diferenciado, de modo a não competir com aquele. Procurou-se oferecer uma infra-estrutura de lazer e serviços não encontrada nas adjacências, visando atingir também um universo de consumidores localizados fora de sua área de influência primária.
Foi proposto um edifício com diferencial arquitetônico compatível com o público a ser atingido: harmônico com a topografia do terreno, com forte ênfase na ambientação de seus espaços, onde o apelo visual de sua arquitetura se converte em marketing do próprio empreendimento. Um edifício formalmente elegante na sua simplicidade construtiva e identificação com a vizinhança.
Desenhar uma casa muitas vezes é como desenhar um quadro. Posicioná-la no terreno como um gesto na tela, compor com os limites do lote uma composição concretista, cheia de marcas, eixos, manchas, espaços preenchidos e vazios. Essa casa começou assim, com um desenho forte, dominante na tela topográfica, compondo lugares, permitindo pictóricas retículas, prevendo usos.
Local: São Sebastião das Águas Claras, Nova Lima, MG.Projeto: 1998Área terreno: 1.080,00m2Área: 150,00m2 O terreno é localizado numa belíssima região, também conhecida como Macacos (nome da principal cachoeira do local), nas redondezas de Belo Horizonte e totalmente tomada por uma mata densa, de formação recente, com árvores de pequeno e médio porte distanciada entre si […]